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Crédito, Felipe Werneck/MMA

O ministério do Meio Ambiente, junto a outras pastas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, prepara 🍊 uma proposta para um Plano de Prevenção a Desastres Climáticos, que busca viabilizar recursos para que quase dois mil municípios 🍊 possam investir em ações para evitar catástrofes ambientais, como as inundações que atingiram o Rio Grande do Sul.

Apesar de 🍊 o plano estar em discussão desde fevereiro de 2024, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não deu uma 🍊 previsão de quando a proposta pode estar pronta, em entrevista à News Brasil.

"O mais rápido possível, como na 🍊 época da pandemia [de covid-19]. Você tinha urgência de ter uma resposta e todos fizeram uma corrida para encontrar a 🍊 resposta", disse, comparando a necessidade de reação a eventos extremos climáticos com a reação ágil à crise do coronavírus, em 🍊 2024.

Segundo a ministra, o governo já mapeou 1.942 municípios (35% do total do país) que estão vulneráveis a desastres 🍊 ambientais, como enchentes, secas severas e queimadas.

A ideia é criar um novo regime jurídico que permita decretar municípios em 🍊 emergência climática, para viabilizar mais acesso a financiamento para ações de prevenção, da mesma forma que hoje o Congresso pode 🍊 decretar situação de calamidade, após desastres. A proposta dependerá de mudanças legislativas no Parlamento.

Fim do Matérias recomendadas

Marina contou que os 🍊 ministérios estão trabalhando em novas fontes de recursos para essas ações, mas disse que não poderia dar detalhes antes 🍊 de o plano ser apresentado e aprovado por Lula.

A ministra também respondeu sobre as pressões para que o Instituto Brasileiro 🍊 do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) libere uma licença ambiental para a Petrobras explorar petróleo na foz 🍊 do Rio Amazonas.

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Questionada se 🍊 a liberação das licenças ambientais para construção da usina Belo Monte, na Amazônia, seria um precedente de interferências políticas no 🍊 Ibama em governos petistas que poderia se repetir no caso da Petrobras, a ministra defendeu o trabalho técnico do 🍊 órgão.

"Num governo republicano, as instituições funcionam sem que tomem decisões de natureza política. (...) Quando eu fui ministra do Meio 🍊 Ambiente (2003 a 2008), o presidente Lula nunca me pediu politicamente nenhuma licença, nenhuma licença", enfatizou, lembrando que Belo Monte 🍊 foi liberada após sua saída do governo.

"Eu não tenho essa informação de que a licença (de Belo Monte) foi por 🍊 pressão política. O que eu posso dizer é, da minha experiência, de que nenhuma licença foi dada por pressão política. 🍊 Do mesmo jeito que a negação da licença da Margem Equatorial (área da foz do Rio Amazonas) agora foi uma 🍊 decisão dos técnicos do Ibama", acrescentou.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista, concedida na terça-feira (20/5).

Crédito, Reuters

News Brasil 🍊 - Uma reportagem da News Brasil mostrou que um programa chamado Brasil 2040, que buscava prever desastres ambientais e 🍊 indicar ações de mitigação, acabou engavetado em 2024, na gestão da presidente Dilma Rousseff, segundo uma das coordenadoras do 🍊 programa. O tema também não foi prioridade nos governos seguintes. Houve uma falha dos governos, inclusive petistas, em preparar 🍊 o Brasil para os eventos extremos, previstos por cientistas?

Mariana Silva - Esses fenômenos [como a situação no Rio Grande do 🍊 Sul] são resultado de um desarranjo climático. Esse desarranjo climático foi produzido ao longo dos últimos 300, 400 anos, e 🍊 chegou um momento em que a ciência disse para todos nós -governos, empresas, formadores de opinião - que era 🍊 preciso tomar medidas urgentes para que não acontecesse o que agora está acontecendo.

Cada país, em maior ou menor grau, 🍊 não fez a sua parte. Com certeza, quem menos fez a sua parte foram os países desenvolvidos, porque têm mais 🍊 recursos tecnológicos e financeiros, contribuíram com a maior quantidade de emissão de CO₂ e têm menos problemas sociais.

Agora, no caso 🍊 do Brasil, nós até que tivemos alguns resultados que colaboraram para que a gente não agravasse o problema. O Brasil 🍊 foi o país que deu a maior contribuição de redução de CO₂ desde o protocolo de Kyoto, estabelecido na década 🍊 de 90. O Brasil, no primeiro governo do presidente Lula e até 2012, ainda nos governos do PT, conseguiu ter 🍊 a maior redução de desmatamento e evitou lançar na atmosfera, de 2003 a 2008, cerca de 5 bilhões de toneladas 🍊 de CO₂.

A pergunta é: isso é suficiente? Obviamente, a realidade mostra a todos nós, em ondas de calor, em 🍊 chuvas torrenciais, em furacões, em secas avassaladoras que acontecem agora na África, que não foi suficiente.

Não foi 🍊 suficiente da parte dos governos, não foi suficiente da parte das empresas, não foi suficiente da parte de produtores de 🍊 petróleo, não foi suficiente da parte de consumidores de petróleo. E, agora, o que nós temos que fazer, olhando para 🍊 tudo que não fizemos para prevenir, é ver o que nós podemos fazer para não agravar a situação e para, 🍊 sobretudo, remediar aquilo que já está acontecendo. Nós já estamos vivendo no contexto da mudança do clima.

News Brasil - 🍊 Temos quase um ano e meio de governo e a sua pasta está desenvolvendo um plano de prevenção de desastres 🍊 ambientais. Qual é a previsão de algo concreto ser anunciado?

Marina Silva - Esse plano surge em fevereiro de 2024, 🍊 quando aconteceu o terrível desastre de São Sebastião [no litoral de São Paulo], em que nós tivemos uma grande 🍊 precipitação que levou à perda de vidas [64 mortos], de patrimônio e [foi] uma demonstração do que os eventos climáticos 🍊 extremos podem fazer.

Naquela oportunidade, eu fui até São Sebastião, mas antes eu fiquei um dia todo no Cemaden, que é 🍊 o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, que foi criado a partir de 2012, quando aconteceu a 🍊 tragédia de Petrópolis [enchentes e deslizamentos de terra que mataram 918 em fevereiro de 2011].

E ali a pergunta foi: 🍊 é possível fazer alguma coisa, já que estamos vivendo sob as consequências dos eventos climáticos extremos? E a resposta foi: 🍊 nós temos uma série histórica de 12 anos que mostra que temos 1.038 municípios que são vulneráveis e que essa 🍊 vulnerabilidade tem sido demonstrada recorrentemente em eventos climáticos extremos.

Em uma reunião com os técnicos, com a ministra Luciana [Santos, 🍊 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação], nós decidimos que íamos começar um processo de pensar um plano para sair 🍊 da lógica da gestão do desastre para a gestão do risco e nos anteciparmos o máximo que pudéssemos para preparar 🍊 os municípios. É um trabalho que não é fácil, porque a gente não tem um similar [já feito no mundo]. 🍊 E é um plano que [o governo] nunca vai dizer "ele tá pronto e acabado". O que nós vamos conseguir 🍊 é uma versão 0.1 do plano para levar ao centro de governo, o presidente e a Casa Civil.

Nesse momento, o 🍊 plano é feito de forma colaborativa, estando no centro dessa formulação os ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento 🍊 Regional e das Cidades, ouvindo outros ministérios, e estamos finalizando, digamos, um primeiro esforço.

Eu já tive reunião com o presidente 🍊 do Tribunal de Contas [Bruno Dantas], com o procurador-geral da República [Paulo Gonet], tive reunião com o Vinícius [de Carvalho], 🍊 da Controladoria Geral da União. Vou ter uma reunião, provavelmente amanhã [dia 21 de maio], com o ministro Fernando Haddad.

🍊 News Brasil - Ou seja, isso está em pauta no governo desde fevereiro de 2024. Não haveria uma demora 🍊 em apresentar esse plano e ter algo mais concreto avançando?

Marina Silva - Olha, quando eu voltei pro governo, inclusive 🍊 no próprio documento que eu apresentei para o presidente Lula na campanha de 2024, uma das questões que estava ali 🍊 era a questão de adaptação, inclusive propondo que se tinha que ter uma linha orçamentária constante para fazer esse enfrentamento.

E 🍊 isso faz parte da dinâmica do governo. O presidente Lula estabeleceu que o enfrentamento da mudança climática é tão importante 🍊 quanto o enfrentamento da desigualdade social e o fortalecimento da democracia. A humanidade - e nós não somos diferentes - 🍊 estamos atrasados nas três agendas: na agenda de mitigação, na agenda de adaptação e na agenda de transformação.

News Brasil 🍊 - De onde podem vir os recursos necessários para essas ações, justamente no momento que o governo tenta segurar gastos 🍊 para equilibrar as contas públicas?

Marina Silva - O trabalho é a gente pensar: o custo de prevenir é sempre menor 🍊 do que o custo de remediar. Quando acontece a calamidade, quando acontece a emergência, a gente mobiliza recursos e em 🍊 um volume muito grande, como estamos fazendo agora no Rio Grande do Sul, necessários, fundamentais.

O que nós temos que 🍊 fazer é ter recursos para ações de prevenção, que significa adaptar, significa preparar. E, obviamente, um plano como esse não 🍊 é um plano de curto prazo, é um plano de médio e longo prazo. É um plano que você vai 🍊 ter que trabalhar com tentativa e erro.

O PPCDAm, plano de combate ao desmatamento [na Amazônia Legal], está já na versão 🍊 0.5, e fazendo essas atualizações tem dado certo. Esse [plano de prevenção a desastres ambientais] é incomparavelmente mais complexo. O 🍊 PPCDAm incide na Amazônia, numa base de 70 municípios que mais desmatam. Esse [plano em preparação para prevenir desastres 🍊 ambientais], depois que a Casa Civil atualizou [a lista de municípios em risco], passou de 1.038 para 1.942 municípios 🍊 [35% do total], com uma complexidade incomparável realmente maior.

É um país, sim, que tem escassez de recursos, mas também tem 🍊 sentido de urgência e sentido de prioridade. Uma parte desse dinheiro [necessário para o plano] já está no orçamento público. 🍊 O Ministério das Cidades tem intervenções que, devidamente planejadas em coerência com um plano como esse, vai usar os 🍊 recursos que têm [no orçamento atual] já numa lógica de preparação e adaptação.

O Ministério dos Transportes tem recursos [no orçamento 🍊 atual], já vai também fazer as suas intervenções na lógica de adaptação, de preparação. O Ministério de Comunicação, o Ministério 🍊 de Minas e Energia, o Ministério da Agricultura, todos nós vamos ter que mobilizar os recursos e redirecionar para ações 🍊 que nos leve a que possamos chegar ao momento que tenhamos a sensação de que estamos preparados, tanto quanto possível. 🍊 Uma outra parte terá que ser mesmo de recursos adicionais.

News Brasil - A senhora falou da importância de otimizar 🍊 e redirecionar recursos disponíveis, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de mais recursos. Mas não ficou claro de onde 🍊 viriam esses recursos num contexto de corte de despesas.

Mariana Silva - Nós temos proposta, o que eu não posso é 🍊 falar de algo que eu ainda nem mostrei para o Presidente da República. Então, nós estamos trabalhando num plano interno 🍊 do governo, eu posso falar de linhas gerais.

Algumas coisas nós estamos trabalhando, como, por exemplo, criar um regime jurídico que 🍊 estabeleça e reconheça a emergência climática, isso não existe no regime jurídico brasileiro. Quais são as consequências de reconhecer a 🍊 figura da emergência climática? Isso precisa de recurso para fazer esse enfrentamento.

É a mesma lógica da emergência que nós temos 🍊 hoje? Claro que não, a emergência de hoje opera quando o problema já aconteceu. Essa, é para uma ação antecipada.

Então, 🍊 esses recursos vão dialogar com essa nova dinâmica, essa nova estrutura, se assim houver o entendimento da parte do governo 🍊 de que esse é o melhor caminho.

Mas já existe a prospecção de fontes que possam trazer recursos adicionais, e, obviamente, 🍊 que já é adicional você se planejar para usar os recursos que têm. Por exemplo, nós já temos dentro do 🍊 PAC recursos para [recuperar vegetação de] encostas, nós já temos dentro do PAC recursos para drenagem. Ou seja, o plano 🍊 não nasce do nada.

O Congresso, por exemplo, fez um gesto, dizendo que 5% das emendas impositivas, que de R$ 33 🍊 bilhões daria algo em torno de R$ 1,5 bilhão, poderá ser para reconstruir o Rio Grande do Sul e 🍊 para ações de prevenção. Já é um caminho.

News Brasil - Entendo que a elaboração do plano não é algo 🍊 simples, mas há alguma previsão de lançamento? É algo que o governo está trabalhando para daqui a uma semana, daqui 🍊 a um mês, para o ano que vem?

Mariana Silva - O mais rápido possível, como na época da pandemia. Você 🍊 tinha urgência de ter uma resposta e todos fizeram uma corrida para encontrar a resposta.

Existem vários lugares do mundo que 🍊 trabalham iniciativas de adaptação associada aos seus sistemas econômicos, a sua conformação geográfica. Nós estamos fazendo a leitura das nossas 🍊 conformações e possibilidades. Não estamos no zero. Ainda bem que em fevereiro do ano passado nós começamos a trabalhar 🍊 e a buscar as melhores informações, a fazer um trabalho em equipe e agora esse trabalho será levado para 🍊 uma institucionalização.

Crédito, GETTY IMAGES

News Brasil - A lista atualizada identificou 1.942 cidades suscetíveis a eventos climáticos extremos. Tem como 🍊 atender todas ao mesmo tempo ou vai haver uma priorização?

Mariana Silva - Vai ser feito um olhar acurado para essa 🍊 lista, e o processo de [definição das cidades em] emergência climática pode ser semelhante à [declaração de] emergência que nós 🍊 temos [após os desastres].

Se nós temos o regime jurídico da emergência climática, os estados e os municípios vão se declarar 🍊 como em condição de emergência climática. Haverá um reconhecimento se de fato esses municípios estão nessa condição. Qual é 🍊 o critério para esse reconhecimento? A base de dados do Cemaden e outros órgãos de monitoramento em relação aos 🍊 processos meteorológicos do Brasil.

Nós também temos que ter um olhar para os processos de risco de fogo, por exemplo. Esse 🍊 ano, nós estamos correndo risco de grandes incêndios, porque nós tivemos o El Niño [ano passado] e nós estamos na 🍊 La Niña. Com isso, não tivemos uma cota de chuvas que tenha conseguido fazer com que o Pantanal fosse até 🍊 a sua cota de cheia. Na Amazônia, a maioria dos rios não alcançou sua cota de cheia. Então, nós estamos 🍊 vendo agora [no Rio Grande do Sul] o risco climático na forma de grandes enchentes. Nós podemos ter a mesma 🍊 coisa na forma de grandes incêndios.

News Brasil - O Ibama, um órgão essencial para evitar a destruição ambiental, está 🍊 desde janeiro com operação reduzida, numa negociação salarial que não tem avançado no governo. Essa demora não mostraria uma falta 🍊 de prioridade pra área ambiental?

Marina Silva - Tem sido feito um esforço muito grande, não só em relação a 🍊 nós do Ministério do Meio Ambiente, mas de todas as categorias. Não vamos nos esquecer do apagão em relação 🍊 à valorização dos servidores públicos durante os últimos seis anos. Há uma demanda reprimida, justa, dos servidores públicos de um 🍊 modo geral e, particularmente, dos servidores da área ambiental, que são estratégicos para todos esses esforços que precisam ser feitos.

O 🍊 presidente Lula tem orientado para que a gente consiga ter ganhos que sejam substantivos para os servidores de um modo 🍊 geral e, com os servidores do Ibama, eu, a ministra [da Gestão e Inovação] Esther Dweck, já fizemos inúmeras reuniões. 🍊 Se for feito um levantamento de como foi evoluindo as propostas que estão em processo de negociação, você vai 🍊 ver que já têm ganhos que são relevantes. Podem ainda não ser os ideais, do ponto de vista dos servidores, 🍊 e é legítimo que eles busquem melhoria da carreira.

News Brasil - O presidente Lula escolheu Magda Chambriard como 🍊 nova presidente da Petrobras e ela é a favor da exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, algo 🍊 que o Ibama tem se posicionado contra. A senhora tem temor de que se repita o que aconteceu em 🍊 Belo Monte, em que há acusações de que houve liberação de licença pelo Ibama após interferência política, durante os 🍊 governo Lula e Dilma?

Marina Silva - O processo de licenciamento é um processo técnico. Num governo republicano, as instituições funcionam 🍊 sem que tomem decisões de natureza política. A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] não libera um remédio porque alguém 🍊 diz que é para liberar, por decisão política. Tem um embasamento técnico. O Ibama nem facilita, nem dificulta. O Ibama 🍊 faz uma avaliação e dá licença de acordo com os regramentos atendidos, que é o da viabilidade econômica, social e 🍊 ambiental [do empreendimento]. Esse tripé é levado em conta, é assim com todas as licenças.

A licença da Petrobras [para 🍊 explorar petróleo na foz do Rio Amazonas] foi negada por duas vezes. Primeiro para uma empresa privada [que detinha o 🍊 direito de exploração da área], depois passou pra Petrobras, que é uma empresa de economia mista, e foi negado igualmente 🍊 por razões ambientais.

O debate sobre exploração de petróleo não é uma decisão do Ministério do Meio Ambiente, é uma decisão 🍊 do Conselho Nacional de Política Energética, e o Ibama já deu milhares de licenças para Petrobras. Obviamente que a avaliação 🍊 da exploração de petróleo na margem Equatorial [parte da costa brasileira onde fica a foz do Rio Amazonas] seguirá o 🍊 rito normal do que é uma licença feita por um órgão como o Ibama, em um governo republicano e 🍊 democrático, como é o caso do governo do presidente Lula.

Quando eu fui ministra do Meio Ambiente [2003 a 2008] o 🍊 presidente Lula nunca me pediu politicamente nenhuma licença, nenhuma licença. Havia uma pressão. Onde eu chegava, tinha um jornalista para 🍊 perguntar qual era a minha prioridade: se era energia [a ser gerada pelas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau] ou se 🍊 eram os bagres do rio Madeira.

Havia uma pressão na sociedade, de empresas, havia uma pressão também dentro do governo, mas 🍊 a licença de Santo Antônio e Jirau foi dada seguindo os regramentos de uma licença ambiental que [o Ibama] teve 🍊 a autonomia para fazer, com 42 condicionantes [condições impostas para a construção ser realizada].

E tem uma história de que eu 🍊 saí [do governo Lula em 2008] por causa de Belo Monte. Não foi por causa de Belo Monte. Durante 🍊 a minha gestão, [no caso de] Belo Monte, o presidente Lula encaminhou para estudos. [A licença] Saiu depois, eu não 🍊 estava mais aqui.

E, agora, o presidente Lula orientou para [a ferrovia] Ferrogrão, para que a [rodovia] BR-319, [a exploração de 🍊 petróleo na] Margem Equatorial e [a usina] Angra 3 não fosse direto para a contratação dos investimentos das obras do 🍊 PAC [Programa de Aceleração de Crescimento], mas fossem para estudos. Isso é uma demonstração de que o nosso compromisso com 🍊 a agenda do desenvolvimento econômico não é em prejuízo da agenda do desenvolvimento sustentável. Meio ambiente e economia não 🍊 é pra ser compatibilizado, é pra ser integrado. Esse é o esforço.

Tem contradição? Óbvio que tem contradição. Mas, eu repito, 🍊 em um governo republicano, as coisas são tratadas no mérito. E aqui não se facilita nem se dificulta, aqui 🍊 se faz os processos de forma republicana.

News Brasil - Mas, olhando para o caso de Belo Monte, a senhora 🍊 identifica que houve algum problema na liberação daquela licença que poderia ser um precedente, digamos, de como intervenções políticas podem 🍊 levar a licenciamento inadequados?

Marina Silva - Quem deu a licença foram os técnicos. Eu não tenho essa informação de que 🍊 a licença foi por pressão política. O que eu posso dizer é, da minha experiência, de que nenhuma licença foi 🍊 dada por pressão política. Ela foi dada no momento em que os técnicos entenderam que deveria ser dada. Do 🍊 mesmo jeito que a negação da licença da Margem Equatorial agora foi uma decisão dos técnicos do Ibama. O presidente 🍊 do Ibama só acolheu aquilo que os técnicos recomendaram.

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