Superfest: O vidro indestrutível da Alemanha Oriental

O copo tem uma base estreita no fundo, mas se dilata um terço 🍎 do caminho até à parte superior. Como com o clássico "nonik" britânico, o bulbo facilita a empilhagem e dá ao 🍎 polegar e indicador um local para descansar. O nome, grafado perto do bordo e escurecendo, significa "super apertado" ou "super 🍎 forte" alemão, o que supostamente se refere ao punho firme do bebedor. Na realidade, refere-se à extraordinária durabilidade do 🍎 copo.

Trata-se do Superfest, o copo de beber "indestrutível" da Alemanha Oriental. Inventado na República Democrática Alemã, rica 🍎 indústria mas pobre recursos, os copos Superfest foram desenhados com o objectivo de durarem cinco vezes mais do que 🍎 os copos de beber comuns. Acabaram por ser 10 vezes mais resistentes.

Uma ameaça às receitas dos varejistas de copos

🍎 A empresa que os produzia entrou falência após a queda do Muro de Berlim, mas, com o crescente interesse 🍎 métodos de produção mais ecológicos e sustentáveis, os 120 milhões de copos Superfest produzidos entre 1980 e 1990 estão 🍎 mais procurados do que nunca, a um preço de cerca de 35 € (30 £) cada um mercados online 🍎 como eBay e Etsy. Alguns designers sonham até trazer a tecnologia por detrás deles de volta à produção.

🍎 Como objectos geralmente feitos para serem vistos através vez de serem vistos, os copos de beber são uma categoria 🍎 inesperadamente negligenciada de design de mobiliário para o lar. Mesmo quando são reconhecidos como obras de arte, o seu valor 🍎 costuma ser definido pelo que neles é colocado. Um copo de vinho Kurt Zalto ou um tumbler de uísque Tom 🍎 Dixon vender-se-á bem leilões; o simples copo de água geralmente não.

O anonimato dos criadores era desejável politicamente

No 🍎 caso do copo Superfest, a anonimidade dos criadores era também desejável politicamente. O regime da RDA pregava a solidariedade e 🍎 a unidade. A ideologia prevalente valorizava o colectivo detrimento dos talentos e habilidades do indivíduo. Mesmo que os copos 🍎 Superfest fossem ubíquos todos os bares, cantinas e lares do estado satélite soviético, poucas pessoas tinham ouvido falar de 🍎 Paul Bittner, Fritz Keuchel e Tilo Poitz, o colectivo de designers que lhes deu forma. "Ninguém sequer sabia quem os 🍎 desenhara realidade", diz Günter Höhne, que, de 1984 a 1989, nos últimos anos da RDA, trabalhou como chefe de 🍎 redacção do principal periódico do país sobre design industrial, Form und Zweck.

Para a sua gama de copos – 🍎 que incluía variantes para champanhe, schnapps e conhaque, assim como três tamanhos diferentes para cerveja – o trio de designers 🍎 foi inspirado pelos igualmente bonitos chamados Wirteglas , que os designers da Alemanha Oriental Margarete Jahny e Erich 🍎 Müller criaram na década de 1970.

Tecnologia pioneira

A tecnologia inovadora que eles implantaram foi desenvolvida na década de 1970 🍎 no Departamento de Pesquisa de Estrutura de Vidro do Instituto Central de Química Inorgânica perto de Dresden. Os cientistas de 🍎 materiais sabiam que, quando o vidro se quebra, é devido a microfissuras na superfície do material que se formam durante 🍎 o processo de produção. Descobriram que era possível aumentar dramaticamente a dureza da superfície do vidro, substituindo os íons de 🍎 sódio menores no vidro por íons de potássio carregados eletronicamente. Os íons de potássio precisam de mais espaço, pressionando mais 🍎 contra os átomos vizinhos e construindo mais tensão que precisa de ser superada para que as microfissuras se agrandem.

🍎 "Foi feito um enorme trabalho técnico para produzir um vidro assim", diz Höhne, autor de vários livros sobre design industrial 🍎 na RDA. No entanto, a empresa nacionalizada especializada nessa tecnologia, VEB Sachsenglas Schwepnitz, cessou a produção 1990, um ano 🍎 após a queda do Muro de Berlim. Centenas de empregados receberam notificações de rescisão e os negociantes de sucata vieram 🍎 buscar moldes de fusão, componentes de plantas e máquinas.

Um desafio para a competitividade no mercado alemão unificado

Um factor 🍎 que pode ter impedido a competitividade do Superfest uma Alemanha unificada foi o seu aspecto funcionalista e austero. Em 🍎 especial no sul do país, os bebedores gostam de beber a cerveja de copos decorados com ouro ou brasões esculpidos. 🍎 "Decoração barroca num copo Superfest não funcionaria", diz Höhne. "Violaria o próprio design."

Mas o principal motivo do seu 🍎 declínio foi a sua força, paradoxalmente. Os varejistas de vidro que seguem as regras do mercado vivem do facto de 🍎 os seus produtos se partirem, para poderem vender mais. Um copo que não se partisse era uma ameaça aos lucros. 🍎 "Descobriu-se que o Superfest não é adequado para o mercado", diz Höhne. "Os copos são muito bons para pensamento meramente 🍎 mercantil."

Uma oportunidade para um mercado sustentável

Hoje dia, os copos altamente resistentes podem ser adquiridos apenas de segunda 🍎 mão – mas uma startup de Berlim está a tentar mudar isso. Com o crescente interesse pela sustentabilidade, a empresa 🍎 Soulbottles acredita que os clientes estão dispostos a pagar preços mais elevados por produtos de alta qualidade e duradouros.

🍎 Os seus fundadores, Paul Kupfer e Steve Köhler, levantaram 251.139 € (215.400 £) por meio de financiamento coletivo para uma 🍎 instalação de produção que parte parte da tecnologia de íons da era GDR do Superfest.

"Comparado ao plástico, 🍎 o vidro é um material que pode ser reciclado quase o quanto quiser", diz Köhler. "É insípido e transparente, e 🍎 tem apenas uma desvantagem: que se quebra."

O problema com o Superfest original é que os seus fabricantes trabalharam 🍎 com vidro modificado de alumínio ou de boro, o que não é tão fácil de reciclar como o vidro de 🍎 soda-lime mais comum. Assim, o desafio do Soulbottles é produzir vidro que seja ao mesmo tempo durável e reciclável. Os 🍎 testes iniciais foram prometedores, e a entrega das primeiras garrafas está prevista para o próximo ano. Quão fortes são elas? 🍎 Bem, os protótipos foram largados de uma altura de dois metros – e não se partiram.