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Na 🌝 mesma noite, Londres, no magnífico telhado da Catedral de São Paulo, a Orquestra da Liberdade Ucraniana e 180 cantores 🌝 do coro Songs for Ukraine Chorus se uniram para interpretar a Nona Sinfonia de Beethoven, no aniversário de 200 anos 🌝 da obra. O final coral foi cantado ucraniano, com "Freude" (alegria) substituído por "slava" (glória). Bandeiras ucranianas foram hasteadas 🌝 e gritos de "Slava Ukraini" foram ouvidos ambos os lados do Canal da Mancha. Os dois soft powers do 🌝 esporte e da cultura se uniram uma sincronia obrigatória.

No interior da Catedral de São Paulo, lotada, o clima era 🌝 eufórico, familiar e animado. Muitos, no palco e fora dele, usavam camisas tradicionais ucranianas brancas com bordados. Quando o embaixador 🌝 ucraniano deu um discurso de boas-vindas do púlpito, os bramidos de aplausos foram um lembrete de seu status de herói 🌝 nacional: o general Valerii Zaluzhnyi foi comandante-em-chefe das forças armadas ucranianas até fevereiro de 2024. A primeira declamação do "Alegria", 🌝 com sons vogais eslavos adicionando um filtro auditivo rico e desconhecido, provocou aplausos espontâneos no meio do movimento, juntamente com 🌝 um show de luzes de telefones mantidos altos: lembranças potentes para levar de volta para casa.

O concerto começou com Bucha. 🌝 Lacrimosa, uma obra curta e afetiva da ucraniana Victoria Vita Polevá (n.1962), escrita resposta ao massacre lá abril 🌝 de 2024. Um violino solo (Marko Komonko) solta cordas de notas no vasto espaço, até que os estrondos da guerra, 🌝 percussivos e assustadores, interrompam a paz.

O gênio da Nona Sinfonia de Beethoven

Dado o simbolismo que atribuímos à Nona Sinfonia de 🌝 Beethoven, corremos o risco de, um tanto descuidadamente, negligenciar seu gênio: como rompedor de moldes, tendência; grandioso escala, revolucionário 🌝 estilo, arriscado, complexo, virtuosístico e exigente de se tocar. A Catedral de São Paulo não é o local ideal 🌝 para mostrar sutileza ou contraponto, apenas magnitude. Alguns momentos foram inaudíveis, outros embriagantes, outros abafadores. Dependendo de quem você acredita 🌝 e se o local está cheio ou vazio, a reverberação da construção pode chegar a 13 segundos. A condutora Keri-Lynn 🌝 Wilson lidou com o atraso acústico com habilidade, permitindo que acordes grandiosos flutuassem no ar como se estivessem esperando que 🌝 cada nota espalhada atingisse um marco particular antes de seguir frente.

O som tocado parecia bem treinado. Adicionar "em 🌝 circunstâncias atuais" não é elogio tímido. O baixo-barítono Andrii Kymach (vencedor do Cardiff Singer of the World 2024) 🌝 entregou sua declamação inicial com força e elegância, liderando um forte grupo de solistas (Olga Bezszmertna, Nataliia Kukhar e Valentyn 🌝 Dytiuk) e um coro que emitiu seus slavas com respiração coletiva e coração.

O concerto terminou com uma paráfrase hino-like, para 🌝 violino e cordas, da música nacional ucraniana intitulada Nós Existimos, de Yuri Shevchenko (1953-2024). Nesse momento de calmaria, todos nós 🌝 éramos ucranianos.